Semana corrida, blog parado. Serei breve. Comentário alado. Nos entretempos de uma arte e outra, leio e-mails de um grupo de discussão sobre tipografia (se alguém quiser o endereço, me pede). Tá. A questão que surgiu agora, mas que é antiga, é a pirataria. Não vou escrever pra lista, porque acho que esse assunto é mais amplo do que a "área" da tipografia.
Me impressiona a quantidade de "autores" defendendo ou atacando a "autoria", e inversamente, a pirataria. Me parece tão banal o fato de que quando criamos um signo qualquer e o publicamos "no mundo" (uma familia tipográfica, por exemplo) estamos realizando, pelo menos, duas operações:
- a partir de signos existentes, criando novos signos (que nunca são completamente diferentes ou iguais aos que já existem, mesmo quando copiados);
- estamos nos separando deste signo. A publicação o torna público, para sermos bem redundantes aqui. Aí, meu amigo, só o "deus individuo" sabe o que vai ser dele... mas cria-se uma esfera pública de significação... (que eu vejo mais ou menos como um espaço de debates...). Penso que "autoria" não é sinônimo de "propriedade privada".
A pirataria não existiria num sistema econômico em que o cara - que tem como "função social" criar determinado tipo de signo - não precisasse vender seu trabalho para sobreviver. Se ele precisa concorrer com quem tem a mesma profissão, então a autoria se torna propriedade, originalidade sem necessidade. A colaboração acaba. No processo criativo instala-se algo nada muito "agradavel": a demanda financeira. E aí está: o dinheiro, equivalente universal, transforma em mercadoria o que não é. Seu trabalho se transforma em algo que você mesmo não pode ter. Se volta contra você, por que se você não conseguir vendê-lo não consegue sobreviver. Então você tende a deixar de pensar no "espaço de debates" e passa a pensar no seu bolso, e com razão.
Em outras palavras: a pirataria é um conceito que nosso atual sistema economico e social criou paa colocar criadores contra criadores, trabalhadores contra trabalhadores. Há mais originalidade e destreza aqui ou alí, mas os verdadeiros piratas são os que roubam a riqueza criativa para eles, se dizendo donos do que é (ou deveria ser), na realidade, da sociedade.
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