forsign
7.12.10
21.10.10
Amoras
Minha palma espalmada a sua
sob grossas amoreiras
nos dias de meio dia
quantas horas imperfeitas
quantos quantos quase-beijos
desfeitos em alegria?
meu amor ficou ali
nas forquilhas dividido
pisado e sem destino
nas gramas
de verde tinto
que não saem por mandiga
simpatia ou maldição.
sob grossas amoreiras
nos dias de meio dia
quantas horas imperfeitas
quantos quantos quase-beijos
desfeitos em alegria?
meu amor ficou ali
nas forquilhas dividido
pisado e sem destino
nas gramas
de verde tinto
que não saem por mandiga
simpatia ou maldição.
20.10.10
flor do mato
por entre as minhas pedras
mais uma flor do mato
e posso retratá-las
pelo aquário de formigas
as finas brotoespinhas
buscando espremidas
dos brejos da história
que cospe numa ânsia
esta inglória convulsão
não merece este poema
não merece esta visão
é só uma daninha
seu cheiro não vale olfato
seu lugar é só em vão
aceitem seus pequenos e inofensivos espinhos
são, se não me cheira a muito anseio, a perfeita imperfeição
mais uma flor do mato
e posso retratá-las
pelo aquário de formigas
as finas brotoespinhas
buscando espremidas
dos brejos da história
que cospe numa ânsia
esta inglória convulsão
não merece este poema
não merece esta visão
é só uma daninha
seu cheiro não vale olfato
seu lugar é só em vão
aceitem seus pequenos e inofensivos espinhos
são, se não me cheira a muito anseio, a perfeita imperfeição
3.10.10
Titãs
Um homem que chora
Um homem que ri
Sorri porque foge
E chora porque ri
Os tenho dentro
E fora de sí
Um homem que ri
Sorri porque foge
E chora porque ri
Os tenho dentro
E fora de sí
29.5.10
sê por inteiro
que me acusem de ser falso
sou e serei por inteiro
antes a fajuta luta pelo que não quero
que o descanso certo e ordeiro
a vida não vive nos verdadeiros
que por que tanto esperam de mim?
chinês ou brasileiro
sou na conta dos outros
um simples número inteiro
ocupo-me de poemas inconsistentes
rarefeitos e imperfeitos
mesmo eu não os levo a sério
porque não os quero verdadeiros
(querer literatura é verdadeiro)
(querer poesia é verdadeiro)
mas antes, tenho em mim a língua portuguesa
e dela me utilizo como instrumento
para viver, espero, sem desespero
(naturalmente,
talvez dissesse,
alberto caiero)
sou e serei por inteiro
antes a fajuta luta pelo que não quero
que o descanso certo e ordeiro
a vida não vive nos verdadeiros
que por que tanto esperam de mim?
chinês ou brasileiro
sou na conta dos outros
um simples número inteiro
ocupo-me de poemas inconsistentes
rarefeitos e imperfeitos
mesmo eu não os levo a sério
porque não os quero verdadeiros
(querer literatura é verdadeiro)
(querer poesia é verdadeiro)
mas antes, tenho em mim a língua portuguesa
e dela me utilizo como instrumento
para viver, espero, sem desespero
(naturalmente,
talvez dissesse,
alberto caiero)
25.5.10
dessas coisas que me convenço
dessas coisas que me convenço
todas elas me deixam seguro
mas eu, mesmo,
sou eu bom fiador?
como me quero seguro
se mesmo no espelho olho outro
e este outro o vejo assim:
que seja eu este velho escudo
até que não mais me revele ele
o aço que reveste em mim
depois, chão
o que refresca neste caminho
é ir pelas sombras das minhas dúvidas
enfim
todas elas me deixam seguro
mas eu, mesmo,
sou eu bom fiador?
como me quero seguro
se mesmo no espelho olho outro
e este outro o vejo assim:
que seja eu este velho escudo
até que não mais me revele ele
o aço que reveste em mim
depois, chão
o que refresca neste caminho
é ir pelas sombras das minhas dúvidas
enfim
19.5.10
24.4.10
19.4.10
poema para a gica
minha gata
(quase escrevi "coitada")
fez ninho aqui nas minhas coxas
encostou a cabecinha sobre o meu punho
e esboça agora um ransrono
que eu quero "de carinho"
pobre ela
que não sabe quase nada
que não sabe mesmo nada
nada além do que ser gata
pobre que nem pobre pode ser
só pensa na rações
e é filha adotiva
das minhas razões
não pode, não existiria,
em seu pequenino cerébro felino
a nossa grande vontade
quanto menos a necessidade
de outra vida
que não essa
vida de gato
tão bovina
fica aqui no meu colo
(eu soletraria:)
sa-tis-fei-ta
pobre gata, coitada
não queria sua pele para mim
eu e meu cérebro
nos redobros de suas rugas
não obstantes tantas rusgas
somos cheios de alegrias
fartas comilanças
bebedeiras
putarias
que a minha vida boêmia
quase sempre
propicía
ah, meu cérebro
como gosto dele
com suas rugas
fumando a todo vapor
alocando rugas e rusgas numa mesma poesia
e vivendo ao extremo as alegrias
(agora mesmo me veio à mente a cena de um filme, corcéu negro - se nào me falha a gramática e a memória - em que meu cérebro, digo, em que um cavalo corre sem céla pelas areias de uma praia, imponente mais que a maré...)
ah, como gosto de meu cérebro
que não me manda e não deixa-me mandar
eu fico mesmo
só poderia
sa-tis-fei-to.
(quase escrevi "coitada")
fez ninho aqui nas minhas coxas
encostou a cabecinha sobre o meu punho
e esboça agora um ransrono
que eu quero "de carinho"
pobre ela
que não sabe quase nada
que não sabe mesmo nada
nada além do que ser gata
pobre que nem pobre pode ser
só pensa na rações
e é filha adotiva
das minhas razões
não pode, não existiria,
em seu pequenino cerébro felino
a nossa grande vontade
quanto menos a necessidade
de outra vida
que não essa
vida de gato
tão bovina
fica aqui no meu colo
(eu soletraria:)
sa-tis-fei-ta
pobre gata, coitada
não queria sua pele para mim
eu e meu cérebro
nos redobros de suas rugas
não obstantes tantas rusgas
somos cheios de alegrias
fartas comilanças
bebedeiras
putarias
que a minha vida boêmia
quase sempre
propicía
ah, meu cérebro
como gosto dele
com suas rugas
fumando a todo vapor
alocando rugas e rusgas numa mesma poesia
e vivendo ao extremo as alegrias
(agora mesmo me veio à mente a cena de um filme, corcéu negro - se nào me falha a gramática e a memória - em que meu cérebro, digo, em que um cavalo corre sem céla pelas areias de uma praia, imponente mais que a maré...)
ah, como gosto de meu cérebro
que não me manda e não deixa-me mandar
eu fico mesmo
só poderia
sa-tis-fei-to.
6.4.10
bagaço de pêra
bagaço de pêra
no prato
jogado
ao lado
xícarás de café
na mesa
a minha esquerda
o que é
poesia
hoje em dia?
três de mim
fariam tudo
se fossem eu
mas
mas
eu soluço
uço
um arroto, please.
no prato
jogado
ao lado
xícarás de café
na mesa
a minha esquerda
o que é
poesia
hoje em dia?
três de mim
fariam tudo
se fossem eu
mas
mas
eu soluço
uço
um arroto, please.
21.2.10
20.1.10
o que fazer?
Dezenas de vezes, desde que criei este blog (agora brevemente reavivado), entrei em crise. Deve ser normal. Seres humanos entram em crise, o capitalismo entra em crise, tudo entra em crise em algum momento. O problema é que nunca resolvi as crises de verdade. Em geral mudava radicalmente o tipo de post ou ficava um tempo sem postar, até a crise passar.
Agora, depois de uma crise mais prolongada, pensando sobre o que fazer, percebo que não tem volta. O ForSign era uma idéia muito ampla e por isso criou toda essa crise. Eu queria falar sobre tudo a partir do ponto de vista da significação. Nunca fiz isso. Em último caso, talvez, ter um espaço assim tão aberto, na imensidão da internet, seja mesmo como ter um pontinho sem cor no meio do nada. Talvez não. Mas enfim, cada vez que venho aqui criar um post novo, me vejo num labirinto sem ponto de chegada. E não ando mais animado a conhecer todos os possíveis pontos de partida.
Por hora não resolvi o que fazer. Definir um espectro talvez seja o caso, mas ainda não há nada certo. Talvez volte a colocar algo por aqui, nesse meio tempo, mas cansei mesmo desse espaço. Não é o que eu quero na "blogosfera". Sugestões?
Agora, depois de uma crise mais prolongada, pensando sobre o que fazer, percebo que não tem volta. O ForSign era uma idéia muito ampla e por isso criou toda essa crise. Eu queria falar sobre tudo a partir do ponto de vista da significação. Nunca fiz isso. Em último caso, talvez, ter um espaço assim tão aberto, na imensidão da internet, seja mesmo como ter um pontinho sem cor no meio do nada. Talvez não. Mas enfim, cada vez que venho aqui criar um post novo, me vejo num labirinto sem ponto de chegada. E não ando mais animado a conhecer todos os possíveis pontos de partida.
Por hora não resolvi o que fazer. Definir um espectro talvez seja o caso, mas ainda não há nada certo. Talvez volte a colocar algo por aqui, nesse meio tempo, mas cansei mesmo desse espaço. Não é o que eu quero na "blogosfera". Sugestões?
17.1.10
Domingão
aqui é domingo
e chove lá fora
como na música
do lobão
mas na televisão
não é domingo de verdade
não...
na televisão
é "domingão" do fausto silva
que não é qualquer silva:
diferente de você
ele é um "monstro sagrado"
e vai te vender
a próxima atração.
eu sei que estou sendo chato
mas aqui é domingo,
tenho certeza.
sei porque parece
que o dia
tomou gosto
de resto velho de macarrão
que no pacote tem um rosto bonito
de uma moça de cabelos escorridos
sorrindo
mas que quando escorre
é a mesma combinação:
trigo, tomate e alguma rápida
pouco nutritiva
satisfação
sei porque há um ar de vazio
que nos incomoda
e apita
"não somos 24 horas"
o tempo toma as vestes de veludo
e baila num baile de gala
sem pressa
sem pressa
desesperador
devo dizer: aqui é domingo e a máquina capitalista não para, mas parece ser o lugar onde a correia encaixa.
Aqui, domingo,
há uma pequena ferrugem na estrutura
aqui a correia faz um gemido
pra engatar a segunda
e dói em nosotros todos
este grunhido
talvez premunitivo
de que um dia,
mesmo sendo domingo,
não será domingo
e não será domingão
e não será domingão
nem aqui
e nem na sua televisão.
14.1.10
comunicação no capitalismo
talvez agora eu comece a entender melhor o que significa "comunicação" no capitalismo. Uma leitura rápida e esclarecedora sobre o tema, apesar de algumas posições divergentes.
http://fisenge.org.br/wp-content/uploads/2008/11/agenda_demo_comun_bras.pdf
http://fisenge.org.br/wp-content/uploads/2008/11/agenda_demo_comun_bras.pdf
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