7.2.09

Dieguito

Assistindo ao documentário de Emir Kusturika sobre Maradona pode-se ter uma dimensão maior - mais carnal - da relação entre futebol e política. O ídolo argentino arrasta ainda hoje grandes multidões apaixonadas, movimento que em nada deve às grandes mobilizações políticas da história da América Latina. Se no Brasil a Seleção é símbolo da distância das classes sociais (nada mais sintomático que a reabilitação de Ronaldo ocorra num Corinthians e não numa Seleção), se aqui o topo é a Seleção e nela chegam só os deuses europeus, na Argentina parece-me que a Seleção transpira um suor proletário - do torcedor que assisite cantando emocionado, integrado à multidão. Dieguito, oposto de Pelé, encarna a desgraça, o sofrimento e não a genialidade artística, mas a raça e a força de seu povo. É - na visão de Kusturika (e na minha) - um lider. Um lider que mostra no campo o que deveria ser feito na política, na vida pública. Nesse sentido, arrisco-me a a dizer que "futebol-arte" da seleção brasileira é como o carnaval brasileiro (que como todos sabem): acaba na terça-feira de cinzas da corrupção e da riqueza incompátivel com a miséria dos torcedores. Na Argentina - talvez seja uma visão exótica - o futebol começa no dia a dia da multidão nos campos de trabalho e exploração. Não é a redenção, mas poderia bem ser um símbolo dela. 

3 comentários:

Maíra disse...

Interessante a comparação. Quando pequena (anos 80) convivi com o futebol e o povo argentino e posso dizer que pra época, acho que faz muito sentido sua observação, não sei nos dias de hoje.

Um beijo da sempre leitora
Maíra
PS> Já estou com internet em casa

Jeff disse...

preciso pegar esse video! Ah, onde arranjo esse recurso da tua barra lateral? Abraços, jeff

Denis Forigo disse...

é um gadget do blogspot, é só adicionar um elemento na barra laretaçeprocurar lá.