4.12.08

Graduação

Lingüística. Estou convencido que não aprendi no curso o que aprendi fora dele. Principalmente sobre a linguagem. Li muita coisa. Muita coisa idiota, fraca, superficial e inútil. Li muita coisa interessante, importante e instigante. Descobri, quase ao final do curso, que ciência é meramente uma questão de fé. É questão de uma heurística a ser defendida até o último centavo. É religião e mercado. E não é a minha praia.

O que mais me instigou e desconfortou nesse tempo todo foi a aceitação passiva e coletiva da passividade coletiva. Dos tantos trabalhos que fiz, os primeiros me importei, depois vi a banalidade a que serve nossa intelectualidade aguçada num ambiente que só vê o próprio umbigo, com seu cordão ainda intácto. Desdes as intermináveis citações aos incontáveis apoios financeiros à pesquisa, que vão para uns e não para outros. A ciência é mercado e comércio. Não aprendi a fazer pesquisa acadêmica e até agradeço por isso. Não quero o resto da minha vida infurnado, acreditando que o conhecimento salva. Não quero ir para este céu. Não quero ir para o céu.

A vida aqui na terra é melhor. Na lama, vivemos seus infortúnios, e queremos evitá-los. Queremos algo. Estamos vivos e sabemos que a vida é conflito. Na acadêmia acredita-se no contrário. Acredita-se e transmite-se o acreditar de que cada vez melhor se explica o mundo e que isso é o suficiente para melhorá-lo. Faremos livros, fotos e filmes... iniciações científicas, dissertações e teses... graduação, mestrado e doutorado... pós doc... tudo com um esmêro, uma inspiração, um tinir de idéias impecável... mas... e a vida?

Tenho me perguntado muito sobre o papel das imagens. E cada vez mais acredito que as imagens são nossos espelhos. O que mostramos e como mostramos é o que transmuta os nossos sentidos às imagens. Elas dependem de nós. a acadêmia é para mim a imagem de uma comunidade decadente, que talvez sirva como um bom berço para a resistência à decadência da sociedade. Mas acho que não tarda a acabar.

3 comentários:

jebar437 disse...

Concordo.

Wilson Guerra disse...

É camarada, você viu que a academia é podre, que sua práxis é fraca, ou é insuficiente pra você.
Mas por favor, não reduza ciência a crença (pelo menos a qualquer outra), pois esse é o equívoco de muitos contemporâneos que pode por em risco a própria Práxis, que é pomposta pela teoria. Ciência não "é" mercado, mas "está" para ele, neste momento histórico. Bom, talvez seja isso que você quis dizer, e eu fui muito literal. Se fui, desculpe.
De qualquer forma, não há o que discutir: assino embaixo do que escreveu.

Abraços vermelhos!

Denis Forigo disse...

não, sim, claro... :)

quis falar da atualidade da ciência... é difícil conhecer as fronteiras da ciência, mas fica mais fácil ao entender que há sempre uma crença fundamental, uma heurística que vai sendo protegida e desenvolvida... e isso pode acontecer pela força do dinheiro ou pela força de vontade, como no caso do desenvolvimento do socialismo científico, que mesmo nas condições mais adversas teve grandes avanços...

vou tentar escrever melhor sobre isso. :)