17.6.07

Da solidão

Talvez um dos meus maiores medos seja ficar sozinho. Tenho pavor de que todos se vão, por suas vidas levados, e eu fique, não mais do que comigo mesmo. Tenho pavor, mas também uma certa fascinação. As vezes, como num ritual inventado, volto a lugares onde vivi minhas melhores coisas e lá, nos lugures agora vazios, encontro a maior solidão que se pode: do que foi muito e agora nada, mesmo que exista e possa ser tocado. As vezes escuto músicas que não mais me tocam, para sentir que não tenho alma, e que posso girar (sozinho no meu quarto) e que meu choro é forçado. Outros, desses experimentos de solidão, giram pelos pedais da minha bicicleta, que fluindo adrenalina me fazem quase-morto, por um triz atropelado: e morto, tudo o que eu quero pode, mas não me serve. Eis a grande questão: a vida é dura, mas é viva. A solidão talvez seja boa, mas não tem volta.

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